{"id":3852,"date":"2023-10-23T08:24:38","date_gmt":"2023-10-23T11:24:38","guid":{"rendered":"https:\/\/spbaurumarilia.jornalfloripa.com.br\/arquivos\/3852"},"modified":"2023-10-23T08:24:38","modified_gmt":"2023-10-23T11:24:38","slug":"dia-do-aviador-conheca-o-ex-piloto-da-forca-aerea-brasileira-que-alterou-os-rumos-da-industria-aeronautica-no-pais","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/spbaurumarilia.jornalfloripa.com.br\/arquivos\/3852","title":{"rendered":"Dia do Aviador: conhe\u00e7a o ex-piloto da For\u00e7a A\u00e9rea Brasileira que alterou os rumos da ind\u00fastria aeron\u00e1utica no pa\u00eds"},"content":{"rendered":"
Nesta segunda-feira (23), data em homenagem ao Dia do Aviador, o g1 apresenta a hist\u00f3ria de Ozires Silva. Nascido em Bauru, no interior de SP, foi respons\u00e1vel pela cria\u00e7\u00e3o da Embraer. Ozires Silva mudou os rumos da ind\u00fastria aeron\u00e1utica no Brasil
\nCarlos Santos\/G1\/ Arquivo
\nO sonho brasileiro de voar \u00e9 comumente associado a Alberto Santos Dumont, considerado por muitos o inventor do avi\u00e3o. Nesta segunda-feira (23), data que celebra o Dia do Aviador, o g1 apresenta um outro personagem que, na d\u00e9cada de 1960, tamb\u00e9m mudou os rumos da ind\u00fastria aeron\u00e1utica no pa\u00eds.
\nNascido em Bauru, no interior de SP, Ozires Silva \u00e9 o respons\u00e1vel pelo projeto do avi\u00e3o Bandeirante. Inclusive, um monumento com uma aeronave do modelo, doado pela For\u00e7a A\u00e9rea Brasileira, foi constru\u00eddo na cidade em 2016 em homenagem a Ozires. (Veja mais no v\u00eddeo no fim desta reportagem).
\nEm 22 de outubro de 1968, ocorreu pela primeira vez o voo do prot\u00f3tipo dessa aeronave que inaugurou a avia\u00e7\u00e3o regional no Brasil e deu origem \u00e0 Embraer, empresa brasileira que, atualmente, \u00e9 a terceira maior fabricante de jatos comerciais do mundo e l\u00edder no segmento de aeronaves com at\u00e9 150 passageiros.
\nLEIA TAMB\u00c9M
\nOzires Silva \u00e9 homenageado em painel gigante na sede da Embraer em S\u00e3o Jos\u00e9 dos Campos
\nBauruense que fundou Embraer, Ozires Silva recebe condecora\u00e7\u00e3o aeron\u00e1utica internacional
\nEmbraer lan\u00e7a curta-metragem de anima\u00e7\u00e3o para homenagear os 90 anos de Ozires Silva
\nFormado em engenharia aeron\u00e1utica, Ozires possui uma trajet\u00f3ria que vai de co-fundador da Embraer, ex-piloto da For\u00e7a A\u00e9rea Brasileira (FAB), coronel da aeron\u00e1utica a ex-ministro de Estado. Hoje, aos 92 anos, ele relembra com orgulho a participa\u00e7\u00e3o no desenvolvimento da ind\u00fastria aeron\u00e1utica brasileira e dos voos al\u00e7ados por ela.
\n\u201cEu sempre me questionava na \u00e9poca. Se tivemos um Santos Dumont e tamb\u00e9m temos um pa\u00eds t\u00e3o grande, por que o Brasil n\u00e3o fabrica avi\u00f5es?\u201d, diz Ozires em sua biografia.
\nIn\u00edcio de um sonho
\nOzires foi um garoto apaixonado por avia\u00e7\u00e3o desde jovem. E sua paix\u00e3o era diariamente compartilhada com o insepar\u00e1vel amigo Benedito C\u00e9sar, ou simplesmente, Zico.
\n“Nossa vontade de voar, de fabricar avi\u00f5es, tudo se confundia. L\u00edamos o que ca\u00eda em nossas m\u00e3os, desde que abordasse aeron\u00e1utica”, relembra Ozires.
\nEm Bauru, os dois jovens compartilhavam o sonho de se tornarem engenheiros aeron\u00e1uticos, por\u00e9m na \u00e9poca n\u00e3o havia especializa\u00e7\u00e3o no Brasil relacionada \u00e0 \u00e1rea. Somente no final da d\u00e9cada de 40, a dupla foi apresentada \u00e0 For\u00e7a A\u00e9rea Brasileira (FAB). Em 1948, ingressaram na carreira militar e, em 1951, se tornaram oficiais aviadores.
\n“Foi um per\u00edodo muito \u00e1rduo, com a maior parte do tempo tomada pelo treinamento militar, com muitos exerc\u00edcios de marcha que, confessamos \u2013 para quem somente pensava em avia\u00e7\u00e3o\u2013, n\u00e3o era exatamente o que quer\u00edamos”, relata Ozires.
\nEmbraer produziu curta-metragem para homenagear os 90 anos de Ozires Silva
\nDuro baque
\nA maior das quedas na vida de Ozires ocorreu em 1955. Naquele ano, o grande amigo Zico morreu em um acidente a\u00e9reo.
\nNum voo de instru\u00e7\u00e3o, em um TF-7, a vers\u00e3o biplace do Gloster Meteor, o canopy4 da cabine dos pilotos, que se articulava lateralmente, destravou por raz\u00f5es desconhecidas e abriu em voo, na reta final para o pouso.
\n“Lembrava-me de que o Zico sempre reclamava da elevada carga alar do jato. Com asas reduzidas, a velocidade na aproxima\u00e7\u00e3o para a aterrissagem era alta \u2013 perto de 140 n\u00f3s. Comentava ele que se algo de anormal ocorresse nessa fase do voo, seria imposs\u00edvel controlar o avi\u00e3o. Parece que foi isso o que aconteceu”, conta Ozirres.
\n“O enterro foi um sacrif\u00edcio insuport\u00e1vel. N\u00e3o me acostumava com a ideia de perd\u00ea-lo. Naqueles instantes via insistentemente desmoronarem os sonhos de menino; ideias que acalent\u00e1vamos t\u00e3o intensamente estavam agora imposs\u00edveis, distantes. N\u00e3o tinha nenhuma convic\u00e7\u00e3o de que poderia tentar algo sem ele”, relata Ozires.
\nNovos rumos
\nCom a cria\u00e7\u00e3o do Instituto Tecnol\u00f3gico de Aeron\u00e1utica (ITA), em 1950, o sonho de ser tornar engenheiro aeron\u00e1utico voltou a al\u00e7ar voo no cora\u00e7\u00e3o de Ozires.
\nOito anos depois, o bauruense entrou no Instituto, em S\u00e3o Jos\u00e9 dos Campos (SP), o que lhe serviu de motiva\u00e7\u00e3o para seguir na \u00e1rea depois da perda do grande amigo Zico. \u201cFoi um processo vigoroso de transforma\u00e7\u00e3o. Naquele momento, eu me transformei em oficial da FAB e construtor de avi\u00f5es\u201d.
\nAp\u00f3s o t\u00e9rmino da faculdade, em 1962, Ozires foi convidado a participar do Cetro T\u00e9cnico Aeroespacial (CTA). Ele liderava o Departamento de Aeronaves e l\u00e1 passou a propagar a ideia de que o pa\u00eds necessitava de avi\u00f5es pequenos, que pudessem facilitar o tr\u00e1fego a\u00e9reo entre as pequenas cidades, uma vez que a avia\u00e7\u00e3o comercial detinha apenas aeronaves grandes, com alto custo.
\nE foi neste momento que Ozires iniciou o desenvolvimento do projeto IPD-6504 – futuro Bandeirante – ao lado de grandes nomes como o Tenente-Brigadeiro do Ar Paulo Victor da Silva e os engenheiros Max Holste, Oz\u00edlio Silva e Guido Pessotti.
\nE o voo desse projeto veio justamente de um encontro que s\u00f3 ocorreu por problemas em um outro voo. No dia 20 de abril de 1969, o presidente da Rep\u00fablica, Costa e Silva, estava indo para Guaratinguet\u00e1, onde teria uma solenidade, mas o voo dele acabou alternado para S\u00e3o Jos\u00e9 dos Campos por causa de um nevoeiro.
\n“Era o dia 20 de abril de 1969, quando o operador da torre disse que o presidente pousaria no aeroporto em 15 minutos. Todos os pol\u00edticos haviam sido chamados para receb\u00ea-lo, mas ningu\u00e9m estava dispon\u00edvel. Nessa \u00e9poca eu era major e me perguntaram se eu podia receber o presidente”, relembra Ozires.
\nDurante o per\u00edodo com o presidente, Ozires conta que externou a ideia da import\u00e2ncia do Brasil fabricar os seus pr\u00f3prios avi\u00f5es e desenvolver uma frota nacional. “Eu tive o presidente Costa e Silva comigo por uma hora. Fiz a maior lavagem cerebral na cabe\u00e7a dele pra mudar a pol\u00edtica do governo”, contou Ozires em uma entrevista ao ve\u00edculo Airway.
\nUm m\u00eas e meio depois, no Planalto, o presidente Costa e Silva reuniu os ministros do Com\u00e9rcio, Infraestrutura, Planejamento e da Fazenda, e pediu a Ozires uma apresenta\u00e7\u00e3o sobre as estrat\u00e9gias e os planos para o desenvolvimento dessa ind\u00fastria.
\nComo resultado dessa reuni\u00e3o, a lei para criar a companhia foi decretada em 19 de agosto de 1969, e Ozires foi designado o primeiro presidente da companhia, nomeada Embraer.
\nDesenvolvimento e mercado internacional
\nEmbraer homenageia Ozires SIlva em sua principal unidade industrial
\nDivulga\u00e7\u00e3o\/Embraer
\nA cria\u00e7\u00e3o da Embraer teve como objetivo desenvolver uma estrutura industrial para a produ\u00e7\u00e3o em escala do Bandeirante, bem como aperfei\u00e7oar o projeto inicial.
\nSob a lideran\u00e7a de Ozires, o desenvolvimento da aeronave contou com a colabora\u00e7\u00e3o de 170 empresas nacionais e um elevado grau de qualidade para que os componentes alcan\u00e7assem a precis\u00e3o solicitada.
\nDevido \u00e0s dimens\u00f5es do Brasil, o Bandeirante foi concebido para prestar servi\u00e7os e conectar os mais diversos pontos do territ\u00f3rio nacional, como Amaz\u00f4nia, nordeste ou centro-oeste do pa\u00eds.
\nRapidamente, a aeronave tamb\u00e9m conquistou o mercado internacional. Em 1975, ocorreu a primeira exporta\u00e7\u00e3o da vers\u00e3o militar para o Uruguai, com a venda de cinco avi\u00f5es EMB 110 Bandeirante \u00e0 For\u00e7a A\u00e9rea Uruguaia e o avi\u00e3o agr\u00edcola EMB 200 Ipanema ao minist\u00e9rio da agricultura do Uruguai.
\nDois anos depois, a companhia a\u00e9rea francesa Air Littoral se tornou o primeiro cliente internacional da vers\u00e3o civil. Nos anos seguintes, o Bandeirante tamb\u00e9m se tornaria refer\u00eancia no mercado regional norte-americano, um marco na hist\u00f3ria da organiza\u00e7\u00e3o.
\nJ\u00e1 na FAB, principal cliente da Embraer \u00e0 \u00e9poca, o Bandeirante desempenhou diversas miss\u00f5es, como transporte de pessoas, de carga e de paraquedistas, sendo tamb\u00e9m utilizado para instru\u00e7\u00e3o e ensaio em voo.
\nMonumento com avi\u00e3o Bandeirante em Bauru; uma homenagem a Ozires da Silva
\nTV TEM \/ Arquivo
\nLegado
\nAp\u00f3s a consolida\u00e7\u00e3o no mercado, Ozires deixou a lideran\u00e7a da organiza\u00e7\u00e3o para assumir a presid\u00eancia da Petrobras. O engenheiro tamb\u00e9m foi ministro de infraestrutura no in\u00edcio da d\u00e9cada de 1990. Ozires voltou em 1991 \u00e0 Embraer, comandando o processo de privatiza\u00e7\u00e3o da organiza\u00e7\u00e3o que teria fim em 1994.
\nDesde que foi fundada, a Embraer entregou mais de 8.000 aeronaves. Segundo a companhia, mais de 90% de sua produ\u00e7\u00e3o \u00e9 exportada, sendo Estados Unidos e Europa os principais destinos.
\n“A ind\u00fastria aeron\u00e1utica brasileira n\u00e3o teria alcan\u00e7ado a dimens\u00e3o que se encontra hoje se n\u00e3o existisse o engenheiro Ozires. O Brasil contou com diversas iniciativas de produzir avi\u00f5es, mas nenhuma se perpetuou. Ozires teve a grande vis\u00e3o de pensar grande. Seu projeto era fazer um avi\u00e3o brasileiro para o mundo. E aproveitou o momento certo para desenvolver o avi\u00e3o Bandeirante. Era o que o mundo precisava na d\u00e9cada de 70”, opina Manoel de Oliveira, oficial superior veterano da FAB, ex-vice presidente executivo de finan\u00e7as da Embraer e amigo pessoal de Ozires.
\nBauru ganha monumento em homenagem ao bauruense Ozires Silva
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Nesta segunda-feira (23), data em homenagem ao Dia do Aviador, o g1 apresenta a hist\u00f3ria de Ozires Silva. Nascido em Bauru, no interior de SP, foi respons\u00e1vel pela cria\u00e7\u00e3o da Embraer. Ozires Silva mudou os rumos da ind\u00fastria aeron\u00e1utica no Brasil Carlos Santos\/G1\/ Arquivo O sonho brasileiro de voar \u00e9… Continue lendo