{"id":4086,"date":"2023-11-05T09:14:04","date_gmt":"2023-11-05T12:14:04","guid":{"rendered":"https:\/\/spbaurumarilia.jornalfloripa.com.br\/arquivos\/4086"},"modified":"2023-11-05T09:14:04","modified_gmt":"2023-11-05T12:14:04","slug":"dia-da-lingua-portuguesa-cidade-no-interior-de-sp-cria-dialeto-no-qual-moradores-falam-de-tras-para-frente","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/spbaurumarilia.jornalfloripa.com.br\/arquivos\/4086","title":{"rendered":"Dia da L\u00edngua Portuguesa: cidade no interior de SP cria dialeto no qual moradores falam de tr\u00e1s para frente"},"content":{"rendered":"
Neste domingo (5) \u00e9 comemorado o Dia Nacional da L\u00edngua Portuguesa e o g1 te apresenta o ‘sabin\u00eas’, dialeto de Sabino (SP). Esta \u00e9 uma das tantas varia\u00e7\u00f5es do idioma, que \u00e9 o 5\u00ba mais falado no mundo. Cidade no interior de SP cria dialeto no qual moradores falam de tr\u00e1s para frente
\nUma cidade no interior de SP com pouco mais de cinco mil habitantes tem um jeito pr\u00f3prio de se comunicar. Em Sabino (SP), a l\u00edngua portuguesa encontra mais uma de suas tantas varia\u00e7\u00f5es, e o “certo” \u00e9 falar de tr\u00e1s para a frente.
\nNeste domingo (5) \u00e9 comemorado o Dia Nacional da L\u00edngua Portuguesa. Atualmente, o idioma \u00e9 a l\u00edngua oficial de nove pa\u00edses, sendo o 5\u00ba mais falado no mundo. Empregado de v\u00e1rias formas, o portugu\u00eas apresenta varia\u00e7\u00f5es que englobam fatores geogr\u00e1ficos, socioculturais e temporais. No entanto, se mant\u00e9m \u00fanico.
\nEm Sabino, a varia\u00e7\u00e3o tem nome: “sabin\u00eas”. Esse dialeto peculiar consiste em falar as palavras de tr\u00e1s para a frente, movendo a posi\u00e7\u00e3o das s\u00edlabas. Guesecon? Ou no tradicional portugu\u00eas, consegue?
\nAlguns exemplos de palavras em “sabin\u00eas” s\u00e3o: j\u00e3ofe (feij\u00e3o), saguinli (lingui\u00e7a), nerca (carne), javerce (cerveja), dalage (gelada), saca (casa), nhami (minha) e abo (boa).
\nAl\u00e9m das palavras, \u00e9 poss\u00edvel formar frases completas em “sabin\u00eas”, como por exemplo: “saca dalage javerce nhami abo?” (“vamos tomar uma cerveja gelada na minha casa?”) , “saguinli kilo muarop uoqer” (“quero comprar um quilo de lingui\u00e7a”), “nerca alomla rof met?” (“tem carne para o almo\u00e7o?”), entre outras (veja um exemplo de di\u00e1logo no v\u00eddeo acima).
\nDialeto de Sabino inverte ordem das s\u00edlabas nas palavras
\nArquivo pessoal
\nOrigem do ‘sabin\u00eas’
\nEmbora a origem do “sabin\u00eas” seja incerta, acredita-se que o dialeto tenha surgido como uma brincadeira entre amigos na d\u00e9cada de 1950. A ideia era falar as palavras de tr\u00e1s para a frente, como uma forma de se comunicar de maneira diferente e divertida.
\nCom o tempo, a pr\u00e1tica se espalhou entre os moradores e passou a ser usada para conversar de maneira discreta em situa\u00e7\u00f5es em que a privacidade era necess\u00e1ria.
\n“Geralmente, cidade pequena tem muita fofoca, ent\u00e3o, para o pessoal n\u00e3o ficar sabendo, a gente se comunica de tr\u00e1s para a frente para ver se despista as pessoas”, teoriza o farmac\u00eautico Jo\u00e3o Luiz Gabanella.
\nE o que antes era brincadeira hoje \u00e9 tido como uma das principais atra\u00e7\u00f5es da cidade. Quem garante \u00e9 o pr\u00f3prio prefeito de Sabino, \u00c9der Ruiz Magalh\u00e3es de Andrade.
\n“\u00c9 algo diferente das outras culturas municipais. A maioria das pessoas que vem de cidades vizinhas quer entender ou at\u00e9 mesmo aprender. Em virtude disso, como o nosso munic\u00edpio \u00e9 de interesse tur\u00edstico, nosso projeto foi contemplado para a constru\u00e7\u00e3o de uma casa invertida, o objeto material que vai simbolizar o ‘sabin\u00eas'”, revela.
\nProjeto de casa invertida ir\u00e1 simbolizar o ‘sabin\u00eas’, em Sabino (SP)
\nPrefeitura de Sabino\/Divulga\u00e7\u00e3o
\nDe gera\u00e7\u00e3o para gera\u00e7\u00e3o
\nPara o professor de portugu\u00eas Darvino Concer, o fen\u00f4meno \u00e9 v\u00e1lido na comunica\u00e7\u00e3o. “\u00c9 uma forma in\u00e9dita de linguagem. Eles t\u00eam jeito de dividir em s\u00edlabas as palavras para ent\u00e3o falar ao contr\u00e1rio. N\u00e3o existe uma estrutura lingu\u00edstica, mas, por tr\u00e1s, existe uma estrutura de mem\u00f3ria, o que \u00e9 interessante”, destaca.
\nApesar de ser um dialeto \u00fanico e peculiar, a preserva\u00e7\u00e3o cultural desse modo de se comunicar depende da ades\u00e3o das gera\u00e7\u00f5es mais novas. Li\u00e7\u00e3o que os mais velhos tentam passar adiante.
\n“Meu primeiro contato foi no esporte, durante as partidas de futebol. N\u00e3o demorou muito tempo, pois, no come\u00e7o, praticava todos os dias para melhorar, conversando com quem sabia. Mas o interesse da gera\u00e7\u00e3o mais nova hoje n\u00e3o \u00e9 muito grande. \u00c0s vezes at\u00e9 entende uma palavra ou outra”, conta Renato Aparecido de Sousa Junior, professor de educa\u00e7\u00e3o f\u00edsica.
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