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Médica veterinária especializada em pets exóticos e silvestres, Paula Nochelli Prata, indicou quais produtos são indispensáveis em um kit de primeiros socorros, e explicou como identificar se o animal está doente ou com desconforto. Animais exóticos e silvestres estão ficando cada vez mais comuns como pets
Fernanda Cordeiro/g1 e Paula Nochelli Prata
“O ideal é aplicar uma certa pressão diretamente sobre o ferimento, com auxilio de uma gaze ou pano limpo. Se possível, também eleve a área afetada para auxiliar a reduzir o fluxo do sangramento. O ideal é fazer as manobras descritas até a realização do atendimento emergência”, diz.
Tartarugas, calopsitas, coelhos e até mesmo porquinhos são alguns animais exóticos ou silvestres que estão conquistando espaço na casa de muitos brasileiros. No entanto, os tutores podem enfrentar dificuldades na hora de agir em casos de emergência e até mesmo em identificar se os pets estão doentes.
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Apesar de serem diferentes e chamarem a atenção, esses animais demandam muitos cuidados. Para adquirir qualquer espécie, é importante que o tutor se dedique a entender sobre a particularidade do animal, principalmente sobre o que fazer em casos emergenciais, além de estar disposto a levá-lo no médico veterinário.
Médica veterinária de Sorocaba (SP) ensina primeiros socorros básicos para animais silvestres e exóticos
Paula Nochelli Prata
Para ajudar os tutores a entenderem sobre o manejo da saúde dos pets, a médica veterinária especializada em pets exóticos e silvestres, Paula Nochelli Prata, de Sorocaba (SP), explicou ao g1 o que fazer em casos de emergência, como realizar os primeiros socorros e como identificar os sinais de que o animal está doente.
A primeira orientação, segundo a veterinária, é que o tutor tente manter a calma e identificar qual é a emergência para que, então, possa agir da forma correta.
“O ideal é sempre tentar manter a calma e avaliar a situação geral, parece bobo, mas, o desespero nos faz ver coisas onde não tem. É importante se manter centrado e avaliar se não é um mimetismo comportamental, como por exemplo um bocejo ou ânsia”, explica.
Pets silvestres e exóticos exigem atenção para identificar sinais de doença
Paula Nochelli Prata
Confira abaixo dicas de como agir nas situações de emergência mais comuns, como engasgo, ferimentos e intoxicações, de acordo com Paula.
Engasgo
De acordo com a profissional, se o animal estiver abrindo a boca com frequência e apresentar uma dificuldade respiratória nítida, pode ser um sinal claro de engasgo. Diante disso, é preciso saber o básico sobre o pet exótico ou silvestre que o tutor está lidando.
“Aves em geral necessitam que evitemos o manuseio excessivo, mas, ainda assim precisamos ser ágeis, podemos tentar uma leve pressão na parte superior do corpinho, como se fosse o peito dela, com muito cuidado e delicadeza, para não haverem outros agravos como fraturas não intencionais”, diz.
Já os pequenos mamíferos necessitam de uma manobra específica, enquanto os répteis possuem particularidades que exigem atenção e conhecimento, segundo Paula. As manobras em répteis que possuem carapaça, como cágados, jabutis e tartarugas, pode dificultar o acesso dos tutores à boca do animal.
Aves tendem a esconder os sintomas de doença
Fernanda Cordeiro/g1
“No caso dos pequenos mamíferos, tente posicioná-los de cabeça para baixo e dar delicados tapinhas no dorso, como se fosse um bebezinho engasgado mesmo, essa manobra pode ajudar a desobstruir as vias”, explica.
“No caso dos répteis, dependendo da espécie, do tamanho e do material que está ocasionando a obstrução, é possível realizar uma massagem no pescoço ou tronco. Ainda assim, independentemente da espécie, a melhor ação, na maioria dos casos, é buscar ajuda veterinária imediatamente”, finaliza.
Ferimentos e sangramentos
De acordo com Paula, a perda de uma quantidade elevada de sangue pode ser fatal para o animal, principalmente em pets menores. Por isso, é importante que o tutor tenha curativos em casa e saiba as manobras necessárias para estocar o sangue.
“O ideal é aplicar uma certa pressão diretamente sobre o ferimento, com auxilio de uma gaze ou pano limpo. Se possível, também eleve a área afetada para auxiliar a reduzir o fluxo do sangramento. Caso o sangramento seja controlado e a ferida seja mais superficial, tente realizar uma limpeza de forma suave com água morna ou soro, e sabão neutro para avaliar o local”, diz.
No entanto, a profissional reforça que, caso o ferimento seja mais profundo, é de extrema importância que o tutor não tente fazer uma limpeza, e sim que apenas mantenha a manobra para estancar o sangramento e leve o animal até um atendimento veterinário.
Fabianne mora em Itapetininga (SP) e é a tutora de Gordo e Magrelinho, dois periquitos australianos
Fabianne Teles Bosco
Fabianne Teles Bosco é tutora de dois periquitos australianos, Gordo e Magrelinho, e mora em Itapetininga (SP). Ao g1, ela contou que já passou por situações em que precisou lidar com ferimentos.
“Uma vez eles bateram as asinhas na gaiola e quebraram as penas, e quando quebra a pena no meio, começa a sair bastante sangue e eles podem sangrar até a morte. No caso dos meus, não sangrou muito”, relembra.
Convulsão
De modo geral, o tutor deve afastar objetos que podem machucar o animal durante a convulsão, de acordo com a médica. Além disso, é necessário que que o animal seja colocado em um local plano. Paula reforça que não é indicado tentar segurar ou restringir os movimentos dele para evitar possíveis ferimentos.
No caso das aves, a veterinária explica que é necessário retirar o animal da gaiola e envolvê-lo em um pano, pois ele pode prender os membros nas grades e sofrer fraturas. Além disso, a médica alerta que não se deve colocar a mão na boca de qualquer espécie de animal durante uma convulsão.
Veterinária de Sorocaba (SP) explica alguns cuidados para situações de emergência com pets silvestres e exóticos
Júlia Martins/g1
“Involuntariamente, durante o período em que ocorre o episódio de epilepsia, o animal inconsciente podem machucar o tutor, já que eles tendem a travar a mandíbula e é difícil abrir”, alerta.
“Assim que o quadro for controlado, o ideal é buscar o auxílio veterinário para poder investigar a causa e iniciar o tratamento adequado, já que a convulsão pode ter várias causas base. Também é importante anotar o tempo de duração e a frequência em que está acontecendo, para poder detalhar ao médico veterinário durante a consulta do animal”, continua.
Intoxicação ou envenenamento
No caso de intoxicação ou envenenamento, Paula destaca que o tutor deve procurar imediatamente o atendimento veterinário. Também é importante que o tutor leve a embalagem ou tire uma foto do possível produto que o animal consumiu, se esse for o caso.
Calopsitas é uma das aves silvestres populares entre os brasileiros
Fernanda Cordeiro/g1
“Primeiramente, retire o animal do ambiente onde a substância está presente para evitar que ele volte a ingerir o material. Depois, procure atendimento veterinário o quanto antes, para avaliar se há possibilidade de induzir o vômito para eliminar o conteúdo de forma mais rápida possível”, explica.
Fraturas
A médica explica que, quando há a ocorrência de um trauma mais grave, como a fratura, o ideal é evitar movimentos bruscos. Neste caso, ela realça novamente que o pet deve ser levado para o atendimento veterinário o mais rápido possível.
“O ideal é tentar manter o área lesionada o mais imobilizada possível, dependendo do animal, há possibilidade de envolvê-lo em um pano. Caso haja uma lesão de coluna ou trauma cranioencefálico, por exemplo, a movimentação constante e desnecessária pode acarretar em alterações irreversíveis, podendo até mesmo ser fatal ao animal”, finaliza.
Pets silvestres e exóticos exigem atenção para identificar sinais de doença
Júlia Martins/g1
🩹❤️🩹 Kit de primeiros socorros
Além de aprender os cuidados necessários em casos de emergência, é essencial que os tutores tenham um kit de primeiros socorros em casa. Para todas as espécies exóticas e silvestres, o gaze estéril, soro comum e outros itens já são o suficiente, segundo a médica.
“As bandagens para cobrir para cobrir e outros itens para higienizar ferimentos são fundamentais no kit de primeiros socorros, como os antissépticos para limpezas de ferimentos superficiais. No entanto, um item indispensável é o número de um veterinário porque, em emergências, é ele que vai salvar o dia”, diz.
Animais exóticos e silvestres apresentam mudanças de comportamento sutis
Paula Nochelli Prata
Para os tutores de coelhos, Paula conta que a água oxigenada de volume dez pode ser adicionada no kit emergencial. De acordo com a profissional, a coloração da urina do animal pode mudar para vermelho após a ingestão de alimentos, como, por exemplo, a cenoura.
“O tutor se assusta achando que há presença de sangue, mas têm chances de não ser. Por isso eu indico pingar a água oxigenada na urina e, caso o líquido dilua com o xixi, provavelmente está tudo bem. Agora, se a mistura dos líquidos ferverem, pode indicar sangue na urina. A partir daí, é preciso correr para o médico veterinário”, explica.
🔎 Identificando sinais
Segundo a veterinária, a grande maioria das espécies de animais exóticos e silvestres compartilha de um mesmo problema: não demonstrar claramente caso esteja sentindo algum desconforto. Por isso, Paula reforça que é importante prestar atenção aos hábitos e comportamentos.
“De maneira geral, conseguimos identificar através de mudanças comportamentais, como apatia, letargia, ou até mesmo animais que apresentam agressividade fora do comum. Recusa de alimentos, diminuição da ingestão de água e a perda de apetite geralmente é um dos primeiros sinais que surgem”, explica.
Paula trabalha na área de animais exóticos e silvestres há sete anos
Paula Nochelli Prata
“Sinais de desidratação, como a pele ressecada e olhos fundos, dificuldade de locomoção, andar torto ou postura rígida, quaisquer um desses sinais, principalmente quando persistentes, podem e comumente indicam presença de doenças” continua.
No caso de problemas respiratórios, a médica explica que os animais tendem a respirador com o bico ou boca abertos, e em ritmo mais acelerado ou ofegante. Em alguns casos, também pode haver a presença de secreções, alterações na postura e na disposição dos pelos ou penas.
Outro ponto importante que pode ajudar o tutor a identificar problemas e doenças, é observar a urina e as fezes dos pets. “Geralmente há mudanças nas fezes, como a presença de sangue, parasitas ou diarreia, e também a urina de coloração alterada”, afirma.
No caso dos roedores e répteis, existem algumas mudanças de comportamento diferentes, de acordo com a médica. É o exemplo os cágados e jabutis, que tendem à ficar mais encolhidos dentro de um casco quando estão doentes.
Pets silvestres e exóticos exigem atenção para identificar sinais de doença
Júlia Martins/g1
“Os répteis tendem a se isolar, mas também podem apresentar uma agitação incomum. Além disso, podem haver mudanças na coloração da pele, podendo ficar pálida ou escurecida, apresentar manchas anormais e ulcerações. Já os roedores podem começar a ranger os dentes constantemente e fortemente, ou direcionar as orelhas para trás”, diz.
De acordo com Paula, os répteis podem ainda apresentar disecdise, que é a troca incompleta da pele e escamas. No caso dos lagartos, pode haver até mesmo garroteamento, que é quando algo aperta uma parte do corpo do animal, resultando na necrose de cauda ou dedos.
“É importante que os tutores estejam sempre alertas para quaisquer sinais de anormalidade que os seus animais apresentem, pois, a maioria deles tendem a esconder as dores e sinais de doenças em geral. Buscar atendimento médico veterinário especializado sempre que algo está fora do habitual, é crucial pra garantir o bem-estar e a saúde do animal”.
*Colaborou sob supervisão de Júlia Martins
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