Em vídeo que viralizou, três colegas de curso em Bauru (SP) disseram que a Patrícia Linares, de 45 anos, deveria ‘estar aposentada’. Patrícia Linares foi vítima de etarismo por três colegas de sala em uma universidade particular de Bauru (SP)
Arquivo pessoal
Neste mês de dezembro, o g1 reconta reportagens que foram sucesso entre os nossos leitores ao longo de 2023. Hoje é dia de relembrar a história de um vídeo que viralizou na internet, quando três estudantes de uma universidade particular de Bauru (SP) debocham de uma mulher que também estuda na instituição pelo fato de ela ter “40 anos”.
Na postagem, uma das universitárias aparece gravando um vídeo para uma rede social enquanto conversa com as outras duas. Ela ironiza: “Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”. Logo depois, outra responde: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. “Realmente”, concorda a terceira.
Em seguida, a estudante que grava o vídeo diz: “Gente, 40 anos não pode mais fazer faculdade. Eu tenho essa opinião”. Elas chegam a dizer que a mulher “não sabe o que é Google”. (Veja o vídeo abaixo.)
Estudantes de uma universidade em Bauru debocham de colega de 40 anos; veja o caso
O caso aconteceu em março deste ano e a universidade publicou uma nota na rede social horas depois, mas sem fazer menção direta ao caso. No comunicado, afirmava que não compactua com qualquer tipo de discriminação e que acredita que “todos devem ter acesso à educação de qualidade, desde pequenos até quando cada um quiser, porque educação é isso: autonomia”.
Patrícia Linares contou ao g1, na época, que soube do ocorrido quando estava dentro da sala de aula, enquanto se preparava para apresentar um trabalho. Ela registrou junto à Polícia Civil, um boletim de ocorrência por injúria e difamação contra as estudantes.
O caso gerou repercussão em todo o Brasil, sendo comentado até mesmo pelos ministros dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e da Educação, Camilo Santana, que repudiaram o etarismo contra Patrícia. Nas redes sociais, alunos com mais de 40 anos criaram uma corrente de apoio para a universitária.
Em abril, Patrícia ganhou uma bolsa para estudar inglês por duas semanas no Reino Unido. Tudo aconteceu em um evento de educação internacional, realizado em São Paulo.
Como está a estudante hoje
Atualmente, Patrícia concluiu o segundo semestre do curso de biomedicina e está se preparando para um projeto de iniciação científica. Por conta da repercussão do caso, ela enfrenta problemas psicológicos, mas está em tratamento.
“Continuo estudando, foi um ano que fiz uma extensão curricular, na faculdade mesmo, cuidando de feridas diabéticas, o que foi muito bom pro meu crescimento profissional. Logo farei minha Iniciação Científica, então os planos para minha futura profissão, estão a todo vapor”, disse ao g1.
“Consegui depois de todo ocorrido e enfrentando barreiras emocionais, terminar o segundo semestre”, completou.
Sobre o curso de inglês em Londres, Patrícia disse que está previsto para janeiro do ano que vem, mas no momento está focando em sua saúde emocional, portanto, estuda a possibilidade de remarcá-lo.
Preconceito com idade
Etarismo é o nome dado à discriminação e ao preconceito relacionado com a idade de uma pessoa. Essa repulsa pode resultar, inclusive, em violência verbal, física ou psicológica.
No dia a dia, o etarismo pode se manifestar de diferentes maneiras: como piadas, infantilização ou atitudes que geram exclusão da vítima. No meio profissional, esse preconceito também se mostra em postagens de candidaturas de vagas de emprego com limite de idade ou em frases como “você está velho para isso”.
As denúncias de violações de direitos humanos podem ser feitas de maneira anônima pelo Disque Direitos Humanos, o Disque 100.
Entenda o que é etarismo
LEIA TAMBÉM:
Idoso viraliza ao ir até a mãe, de 97 anos, com beca e diploma
Ex-empregada vira advogada aos 63 anos: ‘Nunca é tarde’
Mãe na adolescência, auxiliar de limpeza vira pedagoga: ‘Superei estatística’
Veja mais notícias da região no g1 Bauru e Marília
Confira mais notícias do centro-oeste paulista:
Bombou no g1: saiba como está a estudante que foi hostilizada por alunas de faculdade por ter mais de 40 anos
Adicionar aos favoritos o Link permanente.